-- Por Mari e Ton
Nós nos conhecemos na Igreja. Essa frase pode parecer bastante respeitável se você imaginar que fazíamos parte de um coral solene nível Canarinhos de Petrópolis. Mas nossa parte na Igreja em questão era sermos adolescentes descalços que passavam horas e dias deitados no chão escrevendo e ensaiando peças. Ela escrevia peças. Ele gostava de peças. Ele não queria tanto de se envolver nas atividades, mas fazia outras coisas meio estranhas. Ela estava lá, sempre. Aparecendo. Nunca vamos esquecer: a versão brasileira de "Umbrella", do Ton.
Nós nos conhecemos na Igreja. Essa frase pode parecer bastante respeitável se você imaginar que fazíamos parte de um coral solene nível Canarinhos de Petrópolis. Mas nossa parte na Igreja em questão era sermos adolescentes descalços que passavam horas e dias deitados no chão escrevendo e ensaiando peças. Ela escrevia peças. Ele gostava de peças. Ele não queria tanto de se envolver nas atividades, mas fazia outras coisas meio estranhas. Ela estava lá, sempre. Aparecendo. Nunca vamos esquecer: a versão brasileira de "Umbrella", do Ton.
Quando todo mundo ensaiava, ele rolava pelo chão. Quando pensavam em colocar dança, ela fugia. Quando fizeram um musical meio tosco, se lançaram de cabeça. Os olhos da assembleia, sempre imensos e chocados deixavam claro que os atores não faziam ideia do que estavam fazendo. Foi "Paixão de Cristo" o musical. Bom só pros atores, acho.
Passamos algum tempo conversando no MSN ao som de nada, porque o gosto era diferente. De lá, migramos pro Orkut, do Orkut pro Facebook, do Facebook pro WhatsApp.
Começamos a namorar quando ela tinha 21 e ele 21, mas parecia que a vida não começava ali. Vimos quase nenhuma série. De algumas várias desistimos. Fizemos uma receita de cheesecake. Queimamos um total de zero panelas porque a comida das nossas mães é boa. Fomos a óperas sem pesquisar se o enredo passava pela nossa cabeça. Escrevemos juntos uma música, posts para o blog e posts para o blog. Fizemos poucos amigos novos, mas conhecemos os amigos um do outro. Fizemos mais de 50 forminhas só nós dois - acabamos de contar. Sofremos com "Procurando Dory", rimos com "Esquadrão Suicida" dublado. Viajamos parte do estado do Rio de Janeiro brigando pelo rádio. Das dez músicas que mais gostamos, três são em comum. As outras sete não têm nada a ver. Ela aprendeu o que era CLT, e ele o que é pedagogia, sociolinguística, latim, anacoluto e outras palavras que o Word tá sublinhando de vermelho porque o Word não teve a sorte de ter namorado ela.
Nunca terminamos. Não que tenha sido fácil. O Ton chora mais do que a Murta Que Geme de "Harry Potter 2". Mais do que a Chiquinha do "Chaves". Até hoje, não tem um lugar onde vamos em que alguém não diga, em algum momento: "mas vocês nunca brigaram?" Já. Parece que sim, pelo menos; já tivemos uns estranhamentos. Se ao menos tivéssemos tido uma grande briga, de separar e tudo, diríamos com mais clareza. Impactaria para sempre a nossa vida. Mas que bom que não.
Esta semana, não pela primeira vez, nos lembramos daquela vez em que fizemos feijão juntos - não por acaso, um desastre anunciado. Achamos que o Ton não fosse parar de afogar o alho. O que nos deu um ótimo momento para rir de novo na vida. E de constatar que esse amor que o tempo uniu é eterno - depois de tanto disse-me-disse e desencontro. Não falta mais nada.
Para quem estava viajando em outra galáxia tão tão distante, o nosso post foi criado parafraseando o muito polêmico escrito de Gregório Duvivier
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